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Revista Eu Amo Caminhão: Roubo de Cargas - O grande desafio para as autoridades de segurança pública


Foto: Divulgação / Reportagem: Elen Genúncio



O combate ao roubo de cargas é um grande desafio para as autoridades de segurança pública, em especial para o desenvolvimento socioeconômico. O estado do Rio de Janeiro, principalmente entre os anos de 2013 e 2017, sofreu uma escalada nesta modalidade criminosa. Nos anos seguintes conseguiu iniciar uma reação, com a reversão dessa tendência. De janeiro a maio de 2021 foram registrados 1.896 casos, uma redução de 12%. Esses dados fazem parte do estudo "Panorama do roubo de carga no estado do Rio de Janeiro - 2021", elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro - Firjan.


A nota técnica da federação aponta que, nos cinco primeiros meses do ano, 98% dos casos de roubo de carga registrados no estado foram na Região Metropolitana. Dez das 137 Circunscrições Integradas de Segurança Pública – CISPs fluminenses concentraram mais da metade das ocorrências e são cortadas pelas principais rodovias do estado: BR 040 – Rodovia Washington Luís, BR 101 – Avenida Brasil, BR 101 – Rodovia Niterói-Manilha, BR 116 – Rodovia Presidente Dutra e BR 493 – Arco Metropolitano.


“É importante ressaltar que o roubo de carga no estado é altamente concentrado. Por isso, além das ações já implementadas para o combate a esse tipo de crime, é fundamental que a atuação integrada das forças de segurança seja intensificada e que as áreas com os maiores números de ocorrências estejam no foco das políticas de segurança pública”, salienta Carlos Erane de Aguiar, presidente do Conselho Empresarial de Defesa e Segurança da Firjan.


Na pesquisa, a Firjan destaca que em média ocorrem 12 roubos de cargas por dia. Considerando o valor médio, as perdas diretas chegam a R$ 153 milhões, evidenciando que nos cinco primeiros meses de 2021, às 11 CISPs cortadas pelo Arco Metropolitano apresentaram aumento de 20% na comparação com o mesmo período de 2020. A área de Duque de Caxias, onde há o entroncamento do Arco Metropolitano com a BR 040, teve aumento de 66% no número de ocorrências, sendo a área de maior concentração de roubo de carga no estado. Por isso, a Firjan, em parceria com outras instituições, vem desenvolvendo o projeto “Arco Seguro”, uma parceria público-privada com o objetivo de contribuir com ações de combate a esse tipo de crime na rodovia e seus arredores.


No levantamento, a Firjan destaca que áreas da Pavuna, Ricardo Albuquerque e Bangu, na capital, não estão mais entre as dez de maior concentração de roubo de carga no estado, após redução das ocorrências em 42,5%, 44% e 36,4%, respectivamente.
















ENTREVISTA EXCLUSIVA: Delegado Vinícius Domingos, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas - DRFC


O Rio de Janeiro está escrevendo uma nova história no combate ao roubo de cargas, modalidade criminosa considerada o calcanhar de Aquiles do setor. De acordo com o "Panorama do roubo de carga no estado do Rio de Janeiro - 2021", estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro - Firjan, o Estado registrou em 2020 redução de 33% em comparação a 2019, apresentando seu menor índice desde 2014. Pesquisa divulgada no final de setembro pelo Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro – ISP-RJ também apresenta queda. Os roubos de carga caíram 23% na comparação com agosto do ano passado e 16% no acumulado do ano. Nos primeiros oito meses de 2021 foram 2.961 casos. O autor dessa nova realidade é o delegado Vinícius Domingos, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas – DRFC que está à frente da especializada há um ano. Em entrevista exclusiva para EU AMO CAMINHÃO, conta como conseguiu reduzir a média móvel dos roubos, garantindo segurança aos caminhoneiros.


O roubo de cargas no estado do Rio de Janeiro vem apresentando quedas. Segundo o levantamento do Instituto de Segurança Pública – ISP, foram registrados 2.961 casos nos primeiros oito meses de 2021 e 318 em agosto. Na comparação com 2020, o indicador registrou redução de 16% em relação ao acumulado do ano e de 23% em relação a agosto de 2020. No entanto, o cenário ainda continua preocupante. Na sua avaliação, a que se deve esta redução?


O cenário que nós temos atualmente no Rio de Janeiro é de uma melhora perceptível no roubo de cargas. Por determinação do Governo do Estado do Rio de Janeiro, as forças de segurança pública estaduais (POLÍCIA CIVIL e POLÍCIA MILITAR) atuam em conjunto com a POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL para uma melhor troca de informações e realização de trabalhos em parceria o que se mostra bastante inovador e resulta nos excelentes resultados vistos. Se compararmos com a média móvel dos últimos cinco anos, onde existia um patamar de 800, 900 roubos por mês, nós conseguimos reduzir cerca de 50 a 60% este último ano, em relação aos últimos cinco. Hoje nós vivemos uma situação favorável, a quantidade de roubos é muito menor do que era vivido numa realidade próxima do Rio de Janeiro.


De acordo com o último levantamento da Confederação Nacional do Transporte – CNT sobre o Perfil dos Caminhoneiros 2019, os assaltos e roubos são a maior dificuldade encontrada por 64,6% dos caminhoneiros entrevistados. A pesquisa, com informações gerais sobre o profissional e a sua atividade, traz ainda que cerca de 7% deles relataram que já tiveram o veículo roubado pelo menos uma vez nos anos de 2017 e 2018. Além disso, 49,5% desses profissionais recusaram a viagem por conta do risco de roubo/assalto durante o trajeto. Para o senhor, essa queda no roubo de cargas garante mais segurança para os caminhoneiros?


O clima que os caminhoneiros encontraram em anos passados no Rio de Janeiro era um clima de apreensão, algo que a gente percebe que mudou, hoje. O caminhoneiro se sente mais seguro em transitar pelas rodovias até porque grande parte do roubo hoje ocorre em veículos menores, como vans e pequenos caminhões, em rodovias marginais, de acesso a grandes rodovias. Então, nem todos os roubos ocorrem em grandes cargas, em grandes caminhões.


As regiões no entorno da rodovia Niterói-Manilha (BR-101), de responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal - PRF, continuam sendo uma área crítica. O que o governo está fazendo para reverter esse quadro, já que o trecho mais preocupante fica entre São Gonçalo e Itaboraí, nas proximidades da favela do Salgueiro?

A SECRETARIA DE POLÍCIA CIVIL criou uma Força Tarefa comandada pela DRFC com a participação de diversas Delegacias distritais atuando em conjunto na realização de rondas específicas para evitar o roubo de cargas. A região de São Gonçalo tem a presença diária de 4 viaturas da Polícia Civil realizando este tipo de serviço. Além disso, a Delegacia de Roubo de Cargas atua em três frentes: a primeira é a geração de inteligência. Nós temos um setor que analisa todos os roubos de cargas ocorridos no Rio de Janeiro, onde eles são cometidos, para onde o caminhão é levado, quem é o dono desta comunidade, o traficante que domina essa região, e aí o setor de investigação faz um trabalho focado no chefe, nos líderes do tráfico de drogas dessas regiões onde ocorrem o transbordo. Então, a mancha criminal, em algumas vezes, se move. Quando a gente consegue identificar que determinado líder, de uma determinada comunidade, está associado ao roubo de cargas, à medida em que permite que os caminhos sejam transbordadas lá, em troca do valor auferido nessa criminalidade, à medida que ele vai ganhando esses mandados de prisão, normalmente ele para de permitir que ocorram novos transbordos de cargas naquela localidade, tanto é que a região de Niterói-São Gonçalo, que vinha sendo o grande problema, hoje teve uma diminuição acentuada nos roubos de carga. Hoje a região que mais nos preocupa é a região de Caxias que tem três grandes vias de circulação de caminhões e é onde a delegacia vem se empenhando para produzir este mandado de prisão em operações daquela localidade. A região de Costa Barros e Pavuna já foi a campeã dos roubos de cargas e hoje ela não é a principal área de concentração do roubo de carga, muito por conta desse trabalho de gerar mandado de prisão para o chefe daquela localidade.


Desde sua posse, os índices de criminalidade vêm baixando. O senhor poderia fazer um balanço sobre sua atuação à frente da DRFC?


A nossa atuação nesse um ano de trabalho na DRFC foca exatamente nisso: inteligência, produção de inteligência, investigação e ação. Durante esse ano foram mais de 168 criminosos presos e ou neutralizados pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas. Algumas ações focaram nos criminosos que atuam como verdadeiros piratas, ou seja, eles roubam qualquer tipo de carga, muitas vezes gêneros alimentícios, sem uma escolha prévia dessas cargas, e outras ações que foram muito importantes, objetivando as quadrilhas especializadas. Contra elas nós realizamos cerca de 15 ações pontuais que resultaram na prisão de mais de 50 criminosos de quadrilhas especializadas. Essa ação focada em quadrilhas especializadas, com absoluta certeza, contribui, sobremaneira, na redução dos índices de criminalidade que conseguimos observar nesse ano, nesse período de setembro de 2020 a setembro de 2021.



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