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Após vencer câncer de mama, caminhoneira gaúcha roda o país com veículo cor de rosa para alertar sob

Fonte: Gaucha ZH



No mês da luta contra o câncer de mama, uma gaúcha criou um alerta importante... e extenso: circula pelas estradas do país em uma carreta de 25 metros de comprimento, cor de rosa de ponta a ponta. A bordo da cabine — nos mesmos tons —, está Márcia Regina Tavares da Silva, 38 anos, que já enfrentou e venceu a doença

— Dentro tem pelego rosa em frente à cama, de cobertor rosa, e o banco de couro também é rosa — complementa a motorista, usando uma blusa que não poderia ter outra cor.


Comprado há dois meses, o caminhão modelo DAF XF, de nove eixos, foi financiado com apoio da família, que tem o ofício em comum: o pai, o irmão e uma irmã trabalham com transporte de cargas. As prestações são pagas com fretes de grãos, em todo o país. 


Na boleia, Márcia leva adiante os ensinamentos sobre a necessidade do autoexame e de busca por tratamento a mulheres de Norte a Sul. Nos postos de combustíveis, distribui ímãs de geladeira com um laço de fita mimosa, símbolo do outubro rosa. A ideia dos brindes foi de uma amiga, a professora Elizana Fortuna, 59 anos.


— Ela é uma guerreira. Sofreu, batalhou e hoje é um exemplo. Eu nem gostava muito da cor, mas me incentivou a fazer os exames e evitar o pior — conta a educadora. 

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A fé de quem superou a doença é orgulhosamente exposta em uma faixa pendurada abaixo do para-brisas: "Outubro rosa. Jesus realiza milagres".  No alto da cabine, o nome da empresa da irmã, Débora, e a sobrinha, Isabelli: Isadebbie Transportes.


A trajetória, contudo, foi diferente no início. Logo que descobriu o primeiro nódulo, em 2018, a gaúcha de Palmeira das Missões, no noroeste do Estado, desabou.


— Foi um ano terrível. Meu pai se acidentou, eu descobri a doença. Meu mundo era escuro, sem cor viva, sabe? Tudo piorando — lembra.


O acidente do pai deixou sequelas, e ele perdeu a mão esquerda. Até então, Márcia trabalhava como técnica de enfermagem e decidiu que seguiria os passos do patriarca, com a ideia de pilotar o seu caminhão. E obteve a carteira de habilitação profissional. Outro obstáculo teve de ser superado: o relacionamento abusivo do qual era vítima na época.


— Eu viajava com o meu ex, que por vezes me batia no caminhão ou no pátio do posto. Até que me livrei dele. Ainda assim, chorava todo dia — conta.


Brindes entregues nos postos pelo paísMárcia Regina Tavares da Silva / Arquivo Pessoal

Em uma das viagens, em Mato Grosso do Sul, conheceu o atual parceiro, de quem fala com muito carinho. Foi a família do namorado que incentivou a busca por tratamento para o câncer. Até mesmo a consulta médica foi agendada pelos novos parentes, que também organizaram campanhas de oração. Hoje, são parceiros de estrada de Márcia.

Uma nova tomografia, solicitada com urgência pelo especialista consultado, apontou que ela estava curada. O cisto foi aspirado, a dor cessou e ela ganhou alta, "um milagre", segundo a condutora.


— Nunca deixei de lutar. Doía dia e noite, e logo que tratei parou a dor. Agora estou por aí, na estrada, cheia de amigos nos postos, que vêm me atender com muito carinho — afirma.


Em um vídeo, captado no dia em que retirou o automóvel da revenda, ela circula com o namorado, a cunhada e a sogra pela Avenida Castelo Branco e pela freeway, em Porto Alegre. Ao passar ao lado da Arena do Grêmio, a brincadeira: "Poderia ser rosa também, para combinar com nosso caminhão", diz a cunhada, com uma risada que ressalta a brincadeira, sem desrespeitar o Tricolor.


Segundo Márcia, o veículo é o primeiro caminhão com o mesmo tom da cabine à caçamba. O pioneirismo, conforme a motorista, foi confirmado pela concessionária de Eldorado do Sul, município vizinho à Capital.

 

Os planos da mulher que conduz toneladas sem perder a vaidade incluem a compra de uma segunda carreta. A cor? Não precisa nem dizer. 

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