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Aumento no consumo de diesel sinaliza alta no transporte de carga no país

Fonte: O Atual



RIO DE JANEIRO – As vendas de óleo diesel no mercado brasileiro atingiram em setembro níveis superiores ao mesmo período do ano anterior, em mais um sinal de retomada da economia após o período mais crítico da pandemia. O mercado espera que o ritmo se mantenha até o fim do ano.


Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), as distribuidoras de combustíveis venderam em setembro 5,2 bilhões de litros de óleo diesel, volume 7% superior ao verificado no mesmo mês de 2019. Foi a primeira vez desde o início da pandemia que a marca do ao anterior foi ultrapassada.


Segundo executivos do setor, o desempenho foi impulsionado pela boa safra de grãos, cujo transporte é um dos principais consumidores de diesel do país. Mas os dados de outubro e do início de novembro mostram que a recuperação de comércio e indústria também vem impulsionando o transporte de cargas.


Entre os dias 1 e 28 de outubro, segundo boletim do MME (Ministério de Minas e Energia), o consumo do combustível cresceu 2,8%, na comparação com o mesmo período do ano anterior – a ANP só divulgará os dados oficiais de outubro no fim de novembro.


A retomada do consumo vem levando a Petrobras a registrar sucessivos recordes de vendas do combustível. Em setembro, foram 400 mil barris por dia, superando a marca de 361 mil barris por dia registrada em julho. No terceiro trimestre, a estatal produziu em suas refinarias um volume de diesel 12% superior ao do mesmo período de 2019.


O mercado espera que, mantido o ritmo, o consumo nacional de diesel feche o ano um pouco acima do registrado em 2019. Em relatório sobre o setor de combustíveis, o banco UBS diz ver ainda espaço para maior recuperação à medida em que mais cidades removam restrições à mobilidade estabelecidas durante a pandemia.


No acumulado do ano, segundo a ANP, as vendas de diesel ainda são 1% menores do que no mesmo período de 2019. O desempenho, porém, ainda é melhor do que o dos outros combustíveis automotivos, que sofreram mais com a redução da circulação de pessoas durante a pandemia.


As vendas de gasolina e de etanol acumulam queda de 9,1% e 16%, respectivamente, no ano. No primeiro caso, houve recuperação em setembro, diante dos altos preços do etanol, com alta de 2,23% em relação ao mesmo mês do ano anterior.


O crescimento das vendas de diesel ocorre em um momento de pressão nos preços provocada pela retomada das cotações internacionais do petróleo após o pior período da pandemia e pela escalada dos preços do biodiesel, impulsionados pela alta demanda global pela soja.


No último leilão de biodiesel promovido pela ANP, o litro do biocombustível foi vendido a R$ 5,51, quase três vezes o valor cobrado pela estatal pelo litro do diesel de petróleo. Atualmente, o biodiesel representa 11% da mistura vendida nos postos e o setor já alertou para a necessidade de repasses.


“Os postos trabalham com margens muito reduzidas, portanto, dificilmente conseguirão absorver eventuais aumentos do diesel”, disse, em nota distribuída na semana passada, a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes).

A entidade defende a redução do percentual de mistura obrigatória para 8%, como medida para reduzir a pressão altista. Pela lei, deveriam ser 12%, mas a ANP vem flexibilizando o valor diante da dificuldade de fornecimento.


Em resposta, o setor de biocombustíveis rechaça acusações de que sobe os preços em busca de lucro e que os aumentos são justificados pela alta demanda internacional pela soja, que é cotada em bolsa de valores.


“Neste contexto, o preço da soja e de seus derivados, entre eles do biodiesel, têm sido altamente impactados pela desvalorização cambial sofrida pelo Real ao longo do ano de 2020, em meio a pandemia do coronavírus”, disse a Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais).

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